obs:

O título desse blog é infeliz, mas só reparei depois. "Anti-país dos petralhas" dá impressão que sou contra os "petralhas" (como Reinaldo Azevedo se refere ao PT). Não, eu quis dizer que sou contra o Reinaldo e seu livro "O país dos petralhas".
É tão infeliz quanto uma pessoa de direita ser contra Marx e botar "Anti-O capital" e as pessoas acharem que a pessoa é anti-capitalista...
Bem, temos de conviver com os nossos erros né?

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

retrospectiva 2012: Conflitos dentro da democracia

Talvez a democracia seja conflituosa e nunca nenhum lado estará plenamente satisfeito. Se democracia é disputa entre ideias, então pode ser que haja algo errado se um lado estiver satisfeito: pode ser que isso signifique que um lado passou por cima de outro e o outro não consegue se expressar. Se isso ocorre, é provável que feriu-se a democracia, mesmo que se diga que ela foi aperfeiçoada ou restaurada... Ou melhor, talvez democracia seja uma coisa a ser vista sob várias concepções, dê uma olhada na imagem abaixo (peguei do facebook):
Assim, uma concepção de igualdade fere a outra. E daí que democracia provavelmente tem disso também: umca concepção é uma afronta às outras.

Uma coisa que acreditava quando criança e acho que não existe mais dentro de mim é a imagem de que democracia seria um lugar onde você vai fazer alguma coisa, volta para casa, liga a TV e diz relaxado "mais um dia com democracia, que felicidade!" e relaxa tanto que dorme. Atualmente acho que não: viver numa democracia é você acabar envolvido com questões, debates, e elas estarão sendo discutidas no caminho quando você sair/voltar para casa, quando liga a TV, e algumas dessas discussões serão tão cabeludas que farão perder o sono.

Ficar relaxado dentro da democracia, só com distanciamento, com o não-envolvimento em determinados debates que você achar que não vale a pena. (Antes tentava me inteirar de tudo, agora estou distante de discussões que não acho mais que têm a ver diretamente comigo.)

Mas - atenção! - o problema é que tentam te fazer acreditar que chegará o dia em que você relaxará dentro da democracia mais ou menos da forma que descrevi acima. E mais, te fazem acreditar que só tá faltando algum detalhe para que isso aconteça. Que detalhe é esse? Normalmente é um comentário do tipo "se tal grupo não existisse, viveríamos tão melhor...". Quem faz esse tipo de comentário? Bom, serei justo: o lado capitalista nos faz pensar que sem o barulho da esquerda, viveríamos em paz e riríamos como idiotas ou seríamos ricos despreocupados como em seriados de TV (escolha o seu gênero: comédia, drama, etc). Mas o lado socialista também tem muito disso, principalmente quando se fala que com a derrota dos capitalistas viveríamos tranquilamente sem nos estressarmos com debates de militância. Ora, atualmente acredito que nos estressaríamos sim, pois combater outras concepções de esquerda às vezes é tão chato ou mais do que combater a direita. E se não houver conflitos no socialismo, pode ser uma repetição de erros: a opressora uniformização de opiniões de "temos de nos manter unidos", "quem pensa diferente está colaborando com o imperialismo" como se viu no stalinismo é um perigo. Se socialismo é uma etapa para o comunismo (supressão do Estado), não tem como o socialismo não ser cheio de conflitos por causa da pluralidade de concepções.


OK, então não sei se você vai tentar relaxar num sofá capitalista ou socialista, mas só sei que alguns momentos você pode querer relaxar e isso será ótimo. Não é relaxante saber por exemplo que o seu candidato ganhou e você dorme aquela noite tranquilo pensando como será bom o ano que vem? Bom, né, Ótimo. Se é um direito seu? Bem, é um direito seu votar para que seu candidato tenha chance, não é um direito seu que seu candidato tenha garantido a vitória. E se você pensar bem, se esse estado de relaxamento for permanete e não algumas vezes por ano, tem alguma coisa errada. Você ficaria assim nesse estado permanente de relaxamento se você vivesse no reino do rei Arthur, mas aquele reino é monarquia, e não democracia!

Esse é um artigo para levantar essas considerações (como a inexistência de um relaxamento permanente na democracia), mas não pretendo exatamente que seja um "artigo-democrático-para-denunciar-o-que-não-é-democracia", não, não é que eu pretenda defender coisas não-democráticas, mas é que democracia é como aquela figura lá de cima: apoiando uma das concepções, vão te acusar de estar sendo contra a igualdade, mesmo que sua intenção seja corrigir distorções.

É complicado? Sim. Por isso que vira e mexe aparecem uns querendo dar uma resolução tipo "cortar o nó gorgio" da democracia: ou seja, passar uma espada que desfaz o nó (aliás um mito que vale a pena conhecer: nó gorgio na wikipedia). Entenda a espada como um ato de cunho violento ("cunho" violento - ressalte-se - não necessariamente envolve sangue). Como eu disse, hoje minha intenção não é exatamente defender a democracia e sim dizer que há concepções. Não estou aqui para defender que nunca se resolva o nó gorgio com a espada, e vocês entenderão o porque seguindo a leitura:
(a figura acima do nó foi retirada de um divertido conto, confira em http://profirmeza.blogspot.com.br/2009/10/quem-cortou-o-no-gordio-jo-soares.html)


ALGUNS ASSUNTOS EM RETROSPECTIVA 2012

MENSALÃO E EXCEÇÕES
Bem, o que me motivou a escrever hoje foi o Descurvo: O Brasil e a crise na justiça, que trata do julgamento do Mensalão e outros detalhes do cenário. Reparem que o mensalão é um um dos assuntos que a mídia tenta fazer o cidadão pensar que a democracia brasileira vai muito bem, mas seria ótimo se os mensaleiros sumissem. Ou seja, supostamente para a democracia ficar melhor, toma-se medidas anti-democráticas, em que a igualdade não vale para todos (PSDB não está sendo investigado com tanto rigor, nem o banqueiro Daniel Dantas)
(ah, em 2013 voltarei a fazer quadrinhos)

Existe todo um debate, em que se discute se é ou não Estado de Exceção, Golpe Branco ou simplesmente justiça. Para não alongar muito, é de fato muito esquisito isso da AP470 (vide Descurvo), assim como achei esquisito há meses atrás quando estavam dando uma nova interpretação para o que seria "corrupção ativa", que além de se referir a aceitar suborno, passou a se referir também à quem suborna (numa explicação rápida e talvez não tão precisa, mas vai lá...), e que isso de dar nova interpretação no meio do processo me cheirava muito mal, pois um dos princípios do Direito é que leis novas só valem para casos futuros e não para os em andamento (por isso na verdade não foi apropriado quando aprovaram a lei de crimes hediondos - que incluí sequestro e aplicaram nos sequestradores de Abílio Diniz: se a lei não estava em vigor quando eles foram presos, não era para a nova lei ter contribuído para aumetnar a pena deles. Da mesma forma que quem foi preso por bater na mulher antes da Lei Maria da Penha vai responder por agredir uma pessoa, mas não especificamente a mulher dentro de relações conjugais, como na redação da nova lei).

Há quem diga que é um exagero falar em Estado de Exceção ou em golpe Branco, mas eu acho importante de se observar o que acontece, afinal, pode ser que o PT não seja mais um partido com mente operária, mas acho um erro fazer como faz alguns partidos da esquerda de considerar que PT, PSDB, DEM, etc são tudo farinha do mesmo saco. Para mim, são simtomas do sistema rejeitando um partido que originalmente era bastante operário e se isso não é motivo para passar a apoia-los, pelo menos é de se observar como algo sintomático. Acho que o PT estava sendo rejeitado desde muito antes, talvez desde aquela época que recebeu o número de registro "13", passando por momentos episódios como quando após as eleições de 1989, mudaram as regras eleitorais e restringiram as imagens de comícios nas propagandas eleitorais com a desculpa de que comícios requeriam dinheiro e tais cenas favoreciam os partidos mais endinheirados mas o mais prejudicado mesmo era um partido bem menos rico que os demais!

(é certo que não é por ser que esquerda que se apoia o PT. Afinal sua história complicada, sua aceitação às regras do jogo, fez com que muitos ícones da esquerda cortassem relações com o partido. Se eu estivesse no lugar do PT, teria denunciado as regras do jogo e não aceitado nem que a numeraão do registro fosse 13. Felizmente eu não tava lá - rsrs-. Mas o fato é que a meu ver o PT dar mesada à opósição foi uma coisa dpo fundo do poço de tentar ser aceito para progar sua governabilidade. Eu no lugar deles, teria filmado a oposição aceitando suborno e botaria a boca no trombone, fazendo tanto barulho que a oposição iria escolher dissolver o partido  - mas iam me acusar de chavista, revanchista, ditador-contra-a-oposição, golpista-que-calou-a-oposição-do-congresso, ou coisa pior - talvez nesse caso também vocês digam que felizmente eu não tava lá... Mas o fato é que fico pensando que o PT não vai reagir, tentar virar o jogo, e muito menos de maneira mais revolucionária, e não tenho certteza se é bom não!)

E já que estamos falando de decepções e indecências, peço licença para fazer uma síntese que pode parecer esdrúxula, mas é o que sinto de verdade. Estão vendo a moça acima? Muitos podem ter falado mal dela como a ex-assessora de uma senadora do PT que aproveitou o clima de escândalo para exibir seu corpo e ganhar $$$ com isso. E até chegar a ser assessora, imagino que ela militou dentro do PT, conseguiu destaque entre movimentos sociais, ganhou confiança do partido e do povo - entre eleitores e militantes, devem ter feito vaquinhas para que ela fosse aos congressos e encontros internos, etc. Enfim, provavelmente acusaram-na de traição do significado do movimento quando a viram nua na Playboy, afinal os sacrifícios coletivos não foram feitos para ela se valer do corpo bonito que tem. Contudo, esse tipo de acusação para mim é o que cabe perfeitamente ao PT. Ou é até pior: é como se após várias campanhas, vaquinhas, jantares beneficentes, etc descobrissemos que a nossa companheira que  ajudamos a chegar lá confessasse que dormiu com fulano e ciclano como forma de acalmar a oposição, ser aceita,  melhorar os relacionamentos, a "governabilidade". E mal a gente se sente enojado com os relacionamentos das esferas superiores, ainda ouve a justificativa de que todo mundo faz isso lá em cima (e devem fazer literalmente mesmo, lembram que até um esquema de prostituição de luxo foi descoberto lá em Brasília?). Então é isso: os argumentos de que esquemas de Caixa 2 todos fazem? Acredito. PT não é o mais corrupto? Sim, concordo que não deve ser o mais corrupto, corruptos de verdade encobertam até cadáveres muito bem (vide corpo do PC Farias atribuído a "crime passional"). Mas daí apoiar o que o PT fez... aí é outra história! Foi sim uma decepção muito grande!

VOLTANDO À RETROSPECTIVA... MÍDIA, STF, TENSIONAMENTOS NA DEMOCRACIA
Nessa (complicada) conjuntura, saem opiniões como a do site Brasil 247: "PT tem a obrigação moral de reagir ao STF". Veja uns trechos:

"O STF, nessas circunstâncias, resolveu trilhar o caminho de suas piores tradições. Seus integrantes, majoritariamente, alinharam-se aos exemplos fornecidos pela extradição de Olga Benário para a Alemanha nazista, pela cassação do registro comunista em 1945 e pelo reconhecimento do golpe militar de 1964. Como nesses outros casos, rasgaram a Constituição para servir ao ódio de classe contra forças que, mesmo timidamente, ameaçam o jugo secular das oligarquias pátrias.
Garantias internacionais, como a possibilidade do duplo grau de jurisdição, foram desconsideradas desde o primeiro instante. Provas e testemunhos a favor dos réus terminaram desprezados em abundância e sem pudor, enquanto simples indícios ou ilações eram tratados como inapeláveis elementos comprobatórios. Uma teoria presidiu o julgamento, a do domínio funcional dos fatos, aplicada ao gosto do objetivo inquisitorial. Através dessa doutrina, réus poderiam ser condenados pelo papel que exerciam, sem que estivesse cabalmente demonstrados ação ou mando.
O que interessava, afinal, era forjar a narrativa de que o PT e o governo construíram maioria parlamentar através da compra de votos e do desvio de dinheiro público, sob a responsabilidade direta de seus mais graduados líderes. As contra-provas que rechaçam supostos fatos criminosos e sua autoria, fartamente apresentadas pela defesa, simplesmente foram ignoradas em um julgamento por encomenda."

(vejam que diferente de mim, o autor acima chama os fatos criminosos de "supostos", mas temos em comum o fato de ver no caso uma reação contra um partido operário - no meu caso, não acho mais tão operário, mas vá la...)

Mas como se daria a reação? O STF pelo jeito não é  flor-que-se-cheire (vide aqui), mas como reagir então? Provavelmante não se daria pelas vias que eu sugeri  - pois o PT tem medo de ser chamado de revanchista-chavista-ditatorial, etc - embora é melhor não ficarem totalmente passivos pois dessas coisas estão sendo chamados de qualquer jeito.

Voltando à introdução sobre democracia lá encima, é o tensionamento da democracia. Temos uma situação em que a mídia praticamente prega o linchamento de uns em favor do aperfeiçoamento da democracia (é a ideia de que alguns abusam da democracia, por exemplos do direito à fala,  e por isso devem ser calados), e a coisa está tensa e tem gente que defende a reação, talvez dando uma dura na oposição-midia-judiciário para que Lula/Dilma continuem com sua governança, que - segundo defensores - é o melhor para o povo como nunca antes ninguém viu.

Esse tensionamento é uma das coisas mais interessantes mesmo. Como eu disse, ninguém está satisfeito, todos reindivicam que se mude algum detalhe para que a democracia volte a ser aquela em que possam relaxar.

Tem os que não aceitam que a democracia seja esse conflito-imbróglio, e querem que alguém resolva o nó-gorgio com uma espada. Deve ser por isso que nesses tempos, se fala em volta da Arena! E por parte da esquerda tem gente querendo sanções à mídia golpista e intervenção do governo no STF, isso tem e vi nesse evento que assisti:
(para falar a verdade achei um pouco chato pois todos falaram praticamente a mesma coisa... com muita gente da UJS na plateia aplaudindo "Golpistas! Mexeu com Lula mexeu comigo!" e outra coisa é que apesar de um dos temas ser a mídia, não se abordou coisas do link que colocarei a seguir:)

OS 2 LADOS (!) QUERENDO CORTAR O NÓ GORGIO MIDIÁTICO
Confiram esse link: ONU recebe relatos de violação da liberdade de expressão no Brasil: se trata da esquerda reclamando que são tolhidos na liberdade de expressão. Entre os pontos relevantes (que não foram abordados no cartaz acima) é que de fato jornalistas/blogueiros independentes são perseguidos pela grande imprensa.

Por outro lado, a direita também vive reclamando que Dilma teria intenção de tolher a liberdade de expressão (na verdade confundem com liberdade de imprensa, ou melhor, regulamentação do tamanho/ responsabilidade dos veículos de imprensa), vide Saudades de 1964 (matéria da Carta Capital em versão encurtada. Um amigo indicou que dá apra ler a versão completa aqui).

Enfim, um tensionamento até engraçado: os dois lados reclamando que falta liberdade de imprensa, sendo que um acusa a ideologia do outro de tolher a liberdade.

É aquilo da democracia e o o porquê de não ser minha intenção hoje ser-democrático-e-denunciar-os-que-não-são: eu sinceramente acho que se acabar com a Veja não é uma má ideia (por isso que disse que o corte de nó górgio tem cunho violento, mas não significa sangue. Aliás note-se que não envolveria sangue nenhum punir por vias instituicionais e legais - pela Justiça, sem atacar pessoa mas a instituição veículo de imprensa e com os direitos básicaos da justiça como contraditório e defesa. Quando fecharam os feículos da esquerda nas ditaduras, quando perseguiram jornalistas, essas possibilidades não foram observadas e houve sangue).

(é bem curioso mesmo como os 2 lados dizem que a evolução das ideias do outro levará ao autoritarismo, ou ainda, que esse autoritarismo já está acontecendo e será pior no futuro. Bom, não estou aqui para dar 100% de garantia que um lado não fará isso mas o outro sim. Esse é um dos artigos onde não vejo como ficar em cima do muro. Meu lado é esquerda e se confiam em mim, acho que a direita é mais perigosa!)


E NA PUC-SP...
Para finalizar essa retrospectiva, o tensionamernto entre concepções de democracia está acontecendo nesse momento na Puc-sp. A disputa está na justiça e é bem complicada, até os últimos momentos de 2012 houve vitórias e reveses.

Acho curioso e irônico que no entender do grão-chanceler Dom Odilo, democracia significa respeito às regras, e a regra é que é ele quem tem o poder de escolher a partir da lista tríplice. Segundo ele, quando a comunidade rejeita a escolha dele, está indo contra as regras e portanto contra a democracia. Por isso ele chama os grevistas de "autocráticos"(!), ou seja, pessoal que estaria querendo impor sua vontade aos demais.

Então democracia é respeito às regras? Bem, mas se respeita regras para quê? Talvez para dar igualdade para os candidatos competirem. Este é o melhor argumento do porquê as regras devem ser respeitadas. Mas então faria sentido chamar de democracia o respeito à regra de um homem escolher?

Ademais, o Dom Odilo diz que a etapa democrática foi respeitada pois a comunidade foi ouvida na escolha da composição da lista tríplice (o que também faria mais sentido se houvesse uns 4 candidatos e tivesse de compor a lista de 3, mas nesse caso só tinha 3 candidatos mesmo e a comunidade só foi ordenando quem era preferência). Contudo, diz ele que escolheu Anna Cintra e se nega a dizer por que não outros. Diz ele que teve suas razões e ele não tem obrigação de revelar. Mas isso não faz perder o sentido do voto, em que as pessoas vêem publicamente as qualidades dos candidatos e por isso escolhem? Do jeito que está após receber os votos (exposição pública dos candidatos), por uma interferência com intenções ocultas, a última colocada é eleita... então para que votar?

Aliás para ele a interferência é a decisão da comunidade (Consun) e da Justiça sobre uma atribuição da Fundação mantenedora. Mas ele mesmo não considera que sua ação é que é uma intervenção!

E por parte da Anna, é curioso como o documento que ela assinou dizendo que não assumiria se fosse a 1° colocada, ela disse que era uma armação (!). Armação de quem? dos seus possíveis eleitores? Ela não deve explicações a quem votou nela por ela ter assinado o documento? (se não queria, por que assinou? Medo de que naquele momento ela perdesse votos? Como aqueles políticos por aí que dizem que não tinham como não prometer quando o eleitor pede que a rua/pracinha/etc melhorem?). É mais que merecido que Consun tenha anulado a lista tríplice por zêlo ao patrimônio moral da instituição!

Falando nisso, tem toda a razão o argumento da Justiça que tinha afastado Anna porque ela poderia interferir no Consun onde ela mesma é objeto de análise. A tentativa de realizar um Consun no dia 11 com a pretensa nova equipe da reitoria, um dia antes do dia 12 onde a candidatura de Anna seria analisada, isso mostra que havia intenção de com a nova equipe substituindo membros da gestão passada, se votasse e consolidasse a reitoria nova.

Todos devem reparar também que na guerra midiática que tá rolando em volta do tema. Vejam como é tudo rápido, na velocidade da internet (facebook). Isso é prova de que se tenta convencer as pessoas de que a concepção de democracia de Dom Odilo está certa e a outra, errada.

EM SUMA...
Hugo (do Descurvo) disse "É um cenário desalentador e fascinante ao mesmo tempo." Sim, é mesmo! Enquanto tem uns tensos com a direita, outros estão tensos com a esquerda. Nenhum lado está tranquilo e nenhum lado aceitaria muito bem se dissermos "mas que bom, apesar de tudo a democracia vai ganhar de qualquer forma"! Engraçado, será que esse acirramento de concepções de democracia significa que os lados estão tendo espaço para falar e no termômetro democrático isso é bom? É uma hipótese, pena que as coisas sejam tão tensas mesmo: uma imples discussão sobre rever a lei da anistia para punir os torturadores, mostra tensão e ambos os lados falam do "perigo" do outro lado tomar conta do debate...
(tá vendo no canto o incrível título "ressurge a democracia?)

Sendo que até o golpe de 1964 foi visto como "democracia" (confira editorial do O Globo em 1964), esse auge(?) da democracia não é tranquilo e de qualquer forma merece atenção para enxergar os limites e perigos. Instituições estão aí (incluindo a mídia, nunca confundí-los com vontade do povo!) e estão trabalhando, há choques e nós que estão se enrolando. Eu diria que alguns nós poderiam ser cortados mas eu só s[o uma opinião no meio da democracia...


(Ufa, o artigo ficou grandão, muto maior que imaginava! Mas também com isso compensa o fato do blog não ter tido nenhum post em 2011 (!!) e só ganhar algo no finalzinho de 2012 né! Bem, infelizmente quem lê pode ficar coma impressão de que sou uma pessoa atualizada, que lê muita coisa, mas nesse último ano não tem sido assim... entre outros problemas porque minha conexão com internet não tem sido muito constante e por causa de significativas mudanças na minha vida - hoje resolvi reviver a sensação de escrever já que estou de folga! Mas tenho orgulho do que já postei nesse cantinho da internet!)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Célio x Pondé: McLanche Feliz

Ontem vi uma notícia que me fez abrir um sorrizinho: o McLanche feliz foi proibido em algumas cidades dos EUA por incentivar a associação entre comida e brinquedo e assim contribui para a obesidade infantil.

O meu sorrizinho se deve à lembranças de um bate-boca virtual que tive com Pondé, colunista da Folha e professor da Puc-sp (aliás felizmente nunca o encontrei nos corredores da universidade).
O Pondé, como sempre, reclamava das pessoas "chatas" que se preocupam com a saúde e dando suas típicas pitadas para dizer que as pessoas chatas preocupadas com as militâncias em geral (seja militância pela saúde, ecologia, cidadania, política, etc) representam o atraso esquerdista e tal. Pois bem, agora que o McLanche Feliz foi proibido em cidades dos EUA, estamos vendo que tal proibição não partiu de um país influenciado pelos "soviéticos" (leia o que ele escreveu sobre "caixotes soviéticos").

Vai ficar longo, mas vou postar aqui a íntegra do debate, desde o artigo que ele publicou na Folha em setembro de 2009, passando por um artigo que fiz em resposta, a nossa troca de farpas (e-mails) e finalizando com a notícia recente da proibição de McLanche Feliz.

Divirtam-se.

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McLanche Infeliz
por Luiz Felipe Pondé
(extraído de http://toma-mais-uma.blogspot.com/2009/09/luiz-felipe-ponde-mclanche-infeliz.html)

"Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança". Benjamin Franklin

Pobre família. Esmagada entre teorias sobre seu fim ou sua transformação em mera empresa que gera jovens consumidores e gestores de carreiras, a família se despedaça sob a bota da instrumentalização da vida. Perdoe-me o leitor por contaminar sua segunda-feira com palavras de horror. Sou obrigado a fazê-lo.

E mais. Pais atormentados por mudanças que desqualificam seu lugar de homens despencam num abismo de sensibilidades, no fundo indesejadas por suas parceiras. Mães espremidas pelas obrigações advindas da emancipação de sua condição de mulher, ameaçadas pela solidão de quem aposta demasiadamente nas propagandas de sucesso pessoal, no fundo apavoradas como sempre estiveram pela deformação de seus corpos diante do desejo ávido masculino por mulheres cada vez mais jovens. Homens e mulheres acuados pela imensa montanha de idealizações.

A dependência de especialistas em como educar filhos se torna mais aguda do que a dependência do sexo, do álcool ou do tabaco. Bom o tempo em que tudo que temíamos era a luxúria dos corpos que ardiam na escuridão dos quartos. A insegurança de cada passo mostra seus dentes diante dos filhos que crescem ao sabor de um mundo que se torna cada vez mais exigente e, por isso mesmo, mais cruel. A associação entre demanda de sucesso e crueldade parece escapar aos especialistas na vida bem sucedida.

O fracasso é o pai do humano que se quer humano. Eis o maior de todos os impasses. Alguns praticantes das ciências parecem analfabetos tolos diante desta máxima e, por isso, repetem alegres suas crenças bobas nos instrumentos do progresso. Enganam-se, em sua infância intelectual, quando pensam que nós, céticos desta Babel, amamos o sofrimento, quando na realidade sabemos apenas de sua inevitabilidade como condição da humanização. É uma ciência da inevitabilidade do sofrimento que falta a estas almas superficiais que ainda chafurdam nas crenças do século 18.

Esses chatos, montados em suas análises jurídicas, sociológicas e psicológicas, atormentam a família, que fica perdida em meio a uma ciência moralista que tem como uma de suas taras a intenção de provar a incompetência dos homens e das mulheres na labuta com suas crias. Agora esses chatos decidiram que vão mandar nas compras de sucrilhos e nas idas ao McDonald's.

Tomados pelo furor da lei, esses puritanos querem ensinar padre-nosso ao vigário, assumindo que os pais precisam de tutela na hora de comprar comida para seus filhos. Nada de bonequinhos, nada de brindes, apenas embalagens feias como caixotes soviéticos. Daqui a pouco, vão proibir mulheres bonitas nas propagandas e as gotas de cerveja que escorrem por suas saias curtas. Riscarão do mapa carros que desfilam homens charmosos. Uma verdadeira pedagogia do horror como higiene do bem.

O problema com este higienismo é que ele pensa combater em nome da liberdade, mas, na realidade, restringe ainda mais a liberdade, esmagando-a em nome desta senhora horrorosa que se chama "cidadania". Esta senhora, que tende ao desequilíbrio quando se faz cheia de vontades, nasceu sob o sangue da revolução francesa, e dela guarda seu gosto pela humilhação. Deve, portanto, permanecer sob "medicação", porque detesta o homem comum e sua miséria cotidiana que carrega nossa identidade mais íntima. Sob a égide da defesa do bem comum, ela, quando investida da condição de rainha louca da casa, amplia o sentido dessa "coisa pública" elevando-a a categoria de uma geometria moral da intolerância.

Deixe-nos em paz com nossos filhos mal educados, com maus hábitos alimentícios, viciados em televisão e computador, aos berros para ganhar o McLanche Feliz. A negação da liberdade vem acompanhada da afirmação do que é a liberdade certa. Liberdade sempre pressupõe o desgosto e uma certa desordem indesejável. Daqui a pouco, vão dizer que não podemos comprar chocolates com personagens infantis (como se o gosto do chocolate para uma criança fosse "apenas o gosto do chocolate").

Em seguida, obrigarão nossas crianças a ler livros com meninas beijando meninas e histórias onde Jesus era africano. Criarão aulas onde meninos aprendam a colocar camisinha em bananas com a boca, afinal a igualdade entre os sexos deve passar pelo esmagamento da privacidade suja dos preconceitos, como se a vida fosse possível sem sombras, sob o calor sufocante da luz.

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Colunistas querem reconstruir o muro de Berlin (sobre "McLanche Infeliz" de Luiz Felipe Pondé)
por Célio Ishikawa - escrito em 7/9/2009)
(mandado para listas de e-mails com cópia para alguns outros colunistas da Folha, a meu ver atingidos pelo que Pondé escreveu: Jairo Bouer, sexólogo da Folhateen, Vange Leonel, que escreve sobre GLS na Revista da Folha)

(OBS: agora eu só acrescentaria que se os "caixotes soviéticos" forem tão bonitos como os cartões postais soviéticos, eu ia querer colecionar!)

Não gosto dos colunistas conservadores que a Folha contratou. Fico aliviado que pelo menos são apenas colunistas e não editores, pois por eles, Jairo Bouer, Rosely Sayão, Vange Leonel seriam expulsos da Folha. Isso levando em conta apenas o conservadorismo, pois se levássemos em conta o aspecto direitista, íamos ter de comentar também os editoriais e a "família" ou rede de amigos colunistas que estabeleceram com outros jornais e revistas. Mas fiquemos nos colunistas: Pereira Coutinho acha orientação sexual uma bobagem, lembro dele argumentando que é como ensinar um sapo a nadar! Já o Pondé, pela explanação de hoje (7/9/9) excluiria as dicas sobre saúde e pelo trecho "obrigarão nosssas crinças a ler livros com meninas beijando meninas" concluo que excluiria também a colunista lésbica da Revista da Folha.

Mas o que me arrepia mesmo é que eles parecem querer reconstruir o muro de Berlin! São anti-comunistas do pior tipo, ou seja, vêem comunistas até não tem. Aí eles jogam do outro lado do muro até quem não é comunista. Ferreira gullar por exemplo disse que a lei soltando doentes mentais dos hospícios foi aprovada por um congresso dominado por discursos anti-burgueses! Faça-me o favor! Desde quando só pelo fato do Lula ser presidente o congresso fica tomado de discursos anti-burgueses?

E o Pondé hoje? Protesta contra os que denunciam a publicidade infantil no McLanche Feliz, dizendo que desse jeito vai ficar: "Nada de bonequinhos, nada de brindes, apenas embalagens feias como caixotes soviéticos." Caixotes soviéticos? Como eram os caixotes soviéticos? Ele já viu algum caixote soviético?

Não quero que o colunista vá correndo à internet ver como eram os caixotes soviéticos, pois entendi muito bem o que ele quis dizer: seriam caixas de papelão puro, sem graça. Sei que ele fala em termos conceituais, ainda que esse conceito do que seriam produtos socialistas não corresponda à realidade.

Pois o muro de Berlin que eles querem reconstruir também é conceitual: do outro lado, o totalitalismo, o controle, uma dinâmica econômica tão ridícula (de anedotas de economistas) que não duraria 1 ou 5 anos. Nada disso precisa corresponder à realidade. Essa gente ficaria surpresa ao ver colecionadores de cartões postais soviéticos, ou de ver filmes como "Adeus Lênin" em que se nota que existiam produtos do outro lado, e com marcas e rótulos coloridos! Pena que "Adeus Lenin" é filme estrangeiro, pois se fosse nacional (como "Bicho de Sete Cabeças", visto e exibido pelos especialistas anti-manicomiais) eles poderiam alegar que não vão ver uma propaganda subversiva pois os cineastas fazem filmes sociológicos com dinheiro estatal e haveria uma aliança entre governistas, cineastas e especialistas contra a "pobre família" (termo usado por Pondé).

E assim vão jogando do outro lado as pes soas, até a cidadania! Segundo Pondé: "senhora horrorosa que se chama 'cidadania'. Esta senhora, que tende ao desiquilíbrio quando se faz cheia de vontades, nasceu sob o sangue da revolução francesa"!

Engraçado que a cidadania é uma mulher, uma das que oprimem os "Pais atormentados por mudanças que desqualificam seu lugar de homens"? As mães? Ele cita também, mas como "Mães esprimidas pelas obrigações advindas da emancipação de sua condição de mulher". Quer dizer: um conservadorismo estarrecedor que viu no feminismo uma perturbação da ordem da família, uma ameaça comunista. Ops, mas isso se, SE o comunismo é sinônimo de ameaça. Achar que são sinônimos é cair no truque literário deles. Que os leitores não caiam nesse truque, pois o que eles imaginam é um mundo paranóico de tramóias inexistentes. Eles desconfiam que a lei contra o fumo em São Paulo é um plano stalinista, se o governador fosse do PT eles teriam certeza!

Lembro que quando o muro de Berlin caiu, alguns diziam em uma era de reconciliações e superações das tramóias ideológicas. Tá certo que muitos diziam isso para dizer que o capitalismo era o vencedor absoluto e fim da história, o que não aprovo, mas era muito interessante e positivo a história de abandonar as tramóias. Anunciavam a globalização, a possibilidade de uma aldeia global, conferências mundiais para discutir o clima (havia otimismo na ECO-92, e não um ridículo apontamento de traços subversivos nos ecologistas). Estava no colegial e lembro até que alguns manuais de vestibular apontavam que a área de humanas ia ganhar destaque pois as pessoas veriam que após tantos avanços tecnológicos, entraria na ordem do dia a atenção ao campo social e ambiental. Agora não, segundo a Veja, a área de humanas acalenta teorias inúteis para formar professores e funcionários públicos que querem perpetuar o ciclo de reprodução da categoria!

Quem diria que teria saudades daquela época após a queda do muro de Berlin? Quem diria que agora estejam querendo reconstruir - pelo menos conceitualmente- esse muro?


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resposta de Pondé  1
(escrito em 7/9/2009 - com cópia para Jairo Bouer, Vange Leonel. Não sei por serem colegas da Folha, nem o Jairo nem Vange participaram da troca de mensagens)

Ola Celio
Vc se enganou, não 'queremos' (seja lá o que vc quer dizer com este plural e este grupo de pessoas que vc pensa existir) reconstuir nenhum muro de Berlim. Qto a 'conservadores' que demitiriam pessoas, acho que vc se engana de novo. Primeiro pq temo seu uso da palavra 'conservador', provavelmente com ela vc queira desqualificar a discussão e sim, talvez, questionar o direito da Folha em ter colunistas com os quais vc não concorda. Abraço, obrigado, Pondé

Luiz Felipe Pondé
Colunista Ilustrada Folha de S Paulo

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resposta de Célio 1
(escrito em 8/9/2009. Continuei mandando cópia para uma lista de e-mails e para Jairo e Vange. Aliás deixava bem visível, pois achei que seria mais honesto que usar cópia oculta)

(OBS: ah, sim citei o filme "But I´m a Cheerleader", que havia assistido dentro da Puc numa sessão promovida por um coletivo de mulheres lesbicas da Puc-sp - Pondé ficaria chocado com isso não acham? A sessão foi no CACS e foi muito legal)

Olá Pondé.

Confesso que chega a ser meio engraçada a sua resposta.

Após você usar palavras como "soviéticos" e narrar como se houvesse um autoritarismo em ascenção, sou eu que desqualifico a discussão ao usar a palavra "conservadores"?

Após você reclamar tanto dos especialistas em saúde (e também da sexualidade, no caso de Pereira Coutinho), é a minha reclamação que talvez questione o direito da Folha de ter colunistas com os quais não concordo? Eu questionar esse direito fica parecendo que sou contra a liberdade de expressão e talvez me imprima uma marca autoritária do outro lado, não é mesmo?

E no final das contas, serei eu o paranóico e por isso escrevi no plural imaginando um  grupo de pessoas que eu penso existir?

Acho que não estarei enganado que quando nas escola passarem filmes como "But I´m a Cheerleader", você dirá que se tornou real o seu temor (como você disse: "obrigarão nossas crianças a ler livros didáticos com meninas beijando meninas")

Pelo jeito você é muito hábil com as palavras para formar seus argumentos, mas eu também sei de alguns desses truques.

Célio Ishikawa

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resposta de Pondé 2
(escrito em 8/9/2009. Ele reclama das minhas cópias para vários destinatários)

(E reparem como ele deslocou a discussão para a liberdade de expressão, me colocando como se eu fosse contra a liberdade dele!) 

Caro Celio
Grande esta lista de emails que vc copia, não?
Enquanto eu ainda tiver a liberdade que vc nao quer que eu tenha, vou continuar a escrever o que vc nao quer que eu escreva, abraço
Luiz Felipe Pondé
Colunista Ilustrada Folha de S Paulo


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resposta de Célio 2
(escrito em 10/9/2009)

Caro Pondé

Acha que sou contra seu direito? Então parafraseando o que você escreveu sobre a "senhora cidadania":

Esse senhor horroroso chamado "direito de expressão" que tende ao desequilíbrio quando se faz cheio de vontades, nasceu sob o sangue da revolução francesa.


OBS: Não sei o que quis dizer com as minhas cópias, mas como vi que dessa vez você não mandou cópias para seus colegas da Folha, também não o farei, se isso estiver lhe causando algum problema. Mas do lado de cá, lhe garanto que eles não incomodarão. Mas se estiver se referindo à  percussão pública, não divulgarei suas respostas se assim o desejar. Quanto às minhas respostas, não há problema se quiser mostrá-las publicamente.

Célio Ishikawa

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resposta final de Pondé
(escrito em 19/9/2009. Ele não mais argumenta mas pelo menos mantém a educação)

Obrigado caro Celio, abraço, Pondé
Luiz Felipe Pondé
Colunista Ilustrada Folha de S Paulo

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Notícia de 15/12/2010 http://www1.folha.uol.com.br/mercado/845990-cidades-dos-eua-proibem-venda-de-mc-lanche-feliz.shtml

Cidades dos EUA proíbem venda de "MC Lanche Feliz"
por Folha Online

(15/12/2010 10:54)


Mario Anzuoni/Reuters
Lanches do McDonald's com personagens do filme "Shrek"
Nada de brinquedo depois da comida. Esse é o recado que algumas prefeituras norte-americanas começam a mandar e que tem como destino preferencial o McDonald's e seu McLanche Feliz.

A cidade de San Francisco, na Califórnia, é o caso mais conhecido. No mês passado, os vereadores locais aprovaram lei que impede a venda de alimentos associada a brinquedos em casos em que a refeição não atenda certos parâmetros nutritivos. Ou seja, se um alimento supera os limites estabelecidos de gordura, açúcar e calorias, não pode vender junto um brinquedo. Em abril, a também californiana Santa Clara tomou decisão semelhante, e outras devem seguir o caminho, com o avanço da obesidade nos EUA.

O presidente-executivo do McDonald's, Jim Skinner, atacou, em entrevista ao "Financial Times", a decisão de San Francisco, que só vai entrar em vigor no final de 2011.

Para o dirigente, a nova regra "retira a decisão pessoal de famílias que são mais do que capazes de tomar suas próprias decisões".

No Brasil, a Justiça Federal negou em julho do ano passado liminar do Ministério Público Federal que queria proibir promoções do Bob's, do McDonald's e do Burger King, que dão brinquedos a quem compra lanche.

Para Marcio Schusterschitz, autor da ação, a decisão americana não deve influenciar o processo no Brasil -havia outro processo tramitando na Justiça do Estado de São Paulo, mas o STJ decidiu recentemente que o caso é de competência federal.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Colunistas querem reconstruir o muro de Berlin (sobre "McLanche Infeliz" de Luiz Felipe Pondé)

Ontem vi uma notícia que me fez abrir um sorrizinho: o McLanche feliz foi proibido em algumas cidades dos EUA por incentivar a associação entre comida e brinquedo e assim contribui para a obesidade infantil.

O meu sorrizinho se deve à lembranças de um bate-boca virtual que tive com Pondé, colunista da Folha e professor da Puc-sp (aliás felizmente nunca o encontrei nos corredores da universidade).
O Pondé, como sempre, reclamava das pessoas "chatas" que se preocupam com a saúde e dando suas típicas pitadas para dizer que as pessoas chatas preocupadas com as militâncias em geral (seja militância pela saúde, ecologia, cidadania, política, etc) representam o atraso esquerdista e tal. Pois bem, agora que o McLanche Feliz foi proibido em cidades dos EUA, estamos vendo que tal proibição não partiu de um país influenciado pelos "soviéticos" (leia o que ele escreveu sobre "caixotes soviéticos").

Vai ficar longo, mas vou postar aqui a íntegra do debate, desde o artigo que ele publicou na Folha em setembro de 2009, passando por um artigo que fiz em resposta, a nossa troca de farpas (e-mails) e finalizando com a notícia recente da proibição de McLanche Feliz.

Divirtam-se.

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McLanche Infeliz
por Luiz Felipe Pondé
(extraído de http://toma-mais-uma.blogspot.com/2009/09/luiz-felipe-ponde-mclanche-infeliz.html)

"Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança". Benjamin Franklin

Pobre família. Esmagada entre teorias sobre seu fim ou sua transformação em mera empresa que gera jovens consumidores e gestores de carreiras, a família se despedaça sob a bota da instrumentalização da vida. Perdoe-me o leitor por contaminar sua segunda-feira com palavras de horror. Sou obrigado a fazê-lo.

E mais. Pais atormentados por mudanças que desqualificam seu lugar de homens despencam num abismo de sensibilidades, no fundo indesejadas por suas parceiras. Mães espremidas pelas obrigações advindas da emancipação de sua condição de mulher, ameaçadas pela solidão de quem aposta demasiadamente nas propagandas de sucesso pessoal, no fundo apavoradas como sempre estiveram pela deformação de seus corpos diante do desejo ávido masculino por mulheres cada vez mais jovens. Homens e mulheres acuados pela imensa montanha de idealizações.

A dependência de especialistas em como educar filhos se torna mais aguda do que a dependência do sexo, do álcool ou do tabaco. Bom o tempo em que tudo que temíamos era a luxúria dos corpos que ardiam na escuridão dos quartos. A insegurança de cada passo mostra seus dentes diante dos filhos que crescem ao sabor de um mundo que se torna cada vez mais exigente e, por isso mesmo, mais cruel. A associação entre demanda de sucesso e crueldade parece escapar aos especialistas na vida bem sucedida.

O fracasso é o pai do humano que se quer humano. Eis o maior de todos os impasses. Alguns praticantes das ciências parecem analfabetos tolos diante desta máxima e, por isso, repetem alegres suas crenças bobas nos instrumentos do progresso. Enganam-se, em sua infância intelectual, quando pensam que nós, céticos desta Babel, amamos o sofrimento, quando na realidade sabemos apenas de sua inevitabilidade como condição da humanização. É uma ciência da inevitabilidade do sofrimento que falta a estas almas superficiais que ainda chafurdam nas crenças do século 18.

Esses chatos, montados em suas análises jurídicas, sociológicas e psicológicas, atormentam a família, que fica perdida em meio a uma ciência moralista que tem como uma de suas taras a intenção de provar a incompetência dos homens e das mulheres na labuta com suas crias. Agora esses chatos decidiram que vão mandar nas compras de sucrilhos e nas idas ao McDonald's.

Tomados pelo furor da lei, esses puritanos querem ensinar padre-nosso ao vigário, assumindo que os pais precisam de tutela na hora de comprar comida para seus filhos. Nada de bonequinhos, nada de brindes, apenas embalagens feias como caixotes soviéticos. Daqui a pouco, vão proibir mulheres bonitas nas propagandas e as gotas de cerveja que escorrem por suas saias curtas. Riscarão do mapa carros que desfilam homens charmosos. Uma verdadeira pedagogia do horror como higiene do bem.

O problema com este higienismo é que ele pensa combater em nome da liberdade, mas, na realidade, restringe ainda mais a liberdade, esmagando-a em nome desta senhora horrorosa que se chama "cidadania". Esta senhora, que tende ao desequilíbrio quando se faz cheia de vontades, nasceu sob o sangue da revolução francesa, e dela guarda seu gosto pela humilhação. Deve, portanto, permanecer sob "medicação", porque detesta o homem comum e sua miséria cotidiana que carrega nossa identidade mais íntima. Sob a égide da defesa do bem comum, ela, quando investida da condição de rainha louca da casa, amplia o sentido dessa "coisa pública" elevando-a a categoria de uma geometria moral da intolerância.

Deixe-nos em paz com nossos filhos mal educados, com maus hábitos alimentícios, viciados em televisão e computador, aos berros para ganhar o McLanche Feliz. A negação da liberdade vem acompanhada da afirmação do que é a liberdade certa. Liberdade sempre pressupõe o desgosto e uma certa desordem indesejável. Daqui a pouco, vão dizer que não podemos comprar chocolates com personagens infantis (como se o gosto do chocolate para uma criança fosse "apenas o gosto do chocolate").

Em seguida, obrigarão nossas crianças a ler livros com meninas beijando meninas e histórias onde Jesus era africano. Criarão aulas onde meninos aprendam a colocar camisinha em bananas com a boca, afinal a igualdade entre os sexos deve passar pelo esmagamento da privacidade suja dos preconceitos, como se a vida fosse possível sem sombras, sob o calor sufocante da luz.

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Colunistas querem reconstruir o muro de Berlin (sobre "McLanche Infeliz" de Luiz Felipe Pondé)
por Célio Ishikawa - escrito em 7/9/2009)
(mandado para listas de e-mails com cópia para alguns outros colunistas da Folha, a meu ver atingidos pelo que Pondé escreveu: Jairo Bouer, sexólogo da Folhateen, Vange Leonel, que escrevia sobre GLS na Revista da Folha)

(OBS: agora eu só acrescentaria que se os "caixotes soviéticos" forem tão bonitos como os cartões postais soviéticos, eu ia querer colecionar!)

Não gosto dos colunistas conservadores que a Folha contratou. Fico aliviado que pelo menos são apenas colunistas e não editores, pois por eles, Jairo Bouer, Rosely Sayão, Vange Leonel seriam expulsos da Folha. Isso levando em conta apenas o conservadorismo, pois se levássemos em conta o aspecto direitista, íamos ter de comentar também os editoriais e a "família" ou rede de amigos colunistas que estabeleceram com outros jornais e revistas. Mas fiquemos nos colunistas: Pereira Coutinho acha orientação sexual uma bobagem, lembro dele argumentando que é como ensinar um sapo a nadar! Já o Pondé, pela explanação de hoje (7/9/9) excluiria as dicas sobre saúde e pelo trecho "obrigarão nosssas crinças a ler livros com meninas beijando meninas" concluo que excluiria também a colunista lésbica da Revista da Folha.

Mas o que me arrepia mesmo é que eles parecem querer reconstruir o muro de Berlin! São anti-comunistas do pior tipo, ou seja, vêem comunistas até não tem. Aí eles jogam do outro lado do muro até quem não é comunista. Ferreira gullar por exemplo disse que a lei soltando doentes mentais dos hospícios foi aprovada por um congresso dominado por discursos anti-burgueses! Faça-me o favor! Desde quando só pelo fato do Lula ser presidente o congresso fica tomado de discursos anti-burgueses?

E o Pondé hoje? Protesta contra os que denunciam a publicidade infantil no McLanche Feliz, dizendo que desse jeito vai ficar: "Nada de bonequinhos, nada de brindes, apenas embalagens feias como caixotes soviéticos." Caixotes soviéticos? Como eram os caixotes soviéticos? Ele já viu algum caixote soviético?

Não quero que o colunista vá correndo à internet ver como eram os caixotes soviéticos, pois entendi muito bem o que ele quis dizer: seriam caixas de papelão puro, sem graça. Sei que ele fala em termos conceituais, ainda que esse conceito do que seriam produtos socialistas não corresponda à realidade.

Pois o muro de Berlin que eles querem reconstruir também é conceitual: do outro lado, o totalitalismo, o controle, uma dinâmica econômica tão ridícula (de anedotas de economistas) que não duraria 1 ou 5 anos. Nada disso precisa corresponder à realidade. Essa gente ficaria surpresa ao ver colecionadores de cartões postais soviéticos, ou de ver filmes como "Adeus Lênin" em que se nota que existiam produtos do outro lado, e com marcas e rótulos coloridos! Pena que "Adeus Lenin" é filme estrangeiro, pois se fosse nacional (como "Bicho de Sete Cabeças", visto e exibido pelos especialistas anti-manicomiais) eles poderiam alegar que não vão ver uma propaganda subversiva pois os cineastas fazem filmes sociológicos com dinheiro estatal e haveria uma aliança entre governistas, cineastas e especialistas contra a "pobre família" (termo usado por Pondé).

E assim vão jogando do outro lado as pes soas, até a cidadania! Segundo Pondé: "senhora horrorosa que se chama 'cidadania'. Esta senhora, que tende ao desiquilíbrio quando se faz cheia de vontades, nasceu sob o sangue da revolução francesa"!

Engraçado que a cidadania é uma mulher, uma das que oprimem os "Pais atormentados por mudanças que desqualificam seu lugar de homens"? As mães? Ele cita também, mas como "Mães esprimidas pelas obrigações advindas da emancipação de sua condição de mulher". Quer dizer: um conservadorismo estarrecedor que viu no feminismo uma perturbação da ordem da família, uma ameaça comunista. Ops, mas isso se, SE o comunismo é sinônimo de ameaça. Achar que são sinônimos é cair no truque literário deles. Que os leitores não caiam nesse truque, pois o que eles imaginam é um mundo paranóico de tramóias inexistentes. Eles desconfiam que a lei contra o fumo em São Paulo é um plano stalinista, se o governador fosse do PT eles teriam certeza!

Lembro que quando o muro de Berlin caiu, alguns diziam em uma era de reconciliações e superações das tramóias ideológicas. Tá certo que muitos diziam isso para dizer que o capitalismo era o vencedor absoluto e fim da história, o que não aprovo, mas era muito interessante e positivo a história de abandonar as tramóias. Anunciavam a globalização, a possibilidade de uma aldeia global, conferências mundiais para discutir o clima (havia otimismo na ECO-92, e não um ridículo apontamento de traços subversivos nos ecologistas). Estava no colegial e lembro até que alguns manuais de vestibular apontavam que a área de humanas ia ganhar destaque pois as pessoas veriam que após tantos avanços tecnológicos, entraria na ordem do dia a atenção ao campo social e ambiental. Agora não, segundo a Veja, a área de humanas acalenta teorias inúteis para formar professores e funcionários públicos que querem perpetuar o ciclo de reprodução da categoria!

Quem diria que teria saudades daquela época após a queda do muro de Berlin? Quem diria que agora estejam querendo reconstruir - pelo menos conceitualmente- esse muro?


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resposta de Pondé  1
(escrito em 7/9/2009 - com cópia para Jairo Bouer, Vange Leonel. Não sei se por serem colegas da Folha, nem o Jairo nem Vange participaram da troca de mensagens)

Ola Celio
Vc se enganou, não 'queremos' (seja lá o que vc quer dizer com este plural e este grupo de pessoas que vc pensa existir) reconstuir nenhum muro de Berlim. Qto a 'conservadores' que demitiriam pessoas, acho que vc se engana de novo. Primeiro pq temo seu uso da palavra 'conservador', provavelmente com ela vc queira desqualificar a discussão e sim, talvez, questionar o direito da Folha em ter colunistas com os quais vc não concorda. Abraço, obrigado, Pondé

Luiz Felipe Pondé
Colunista Ilustrada Folha de S Paulo

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resposta de Célio 1
(escrito em 8/9/2009. Continuei mandando cópia para uma lista de e-mails e para Jairo e Vange. Aliás deixava bem visível, pois achei que seria mais honesto que usar cópia oculta)

(OBS: ah, sim citei o filme "But I´m a Cheerleader", que havia assistido dentro da Puc numa sessão promovida por um coletivo de mulheres lesbicas da Puc-sp - Pondé ficaria chocado com isso não acham? A sessão foi no CACS e foi muito legal)

Olá Pondé.

Confesso que chega a ser meio engraçada a sua resposta.

Após você usar palavras como "soviéticos" e narrar como se houvesse um autoritarismo em ascenção, sou eu que desqualifico a discussão ao usar a palavra "conservadores"?

Após você reclamar tanto dos especialistas em saúde (e também da sexualidade, no caso de Pereira Coutinho), é a minha reclamação que talvez questione o direito da Folha de ter colunistas com os quais não concordo? Eu questionar esse direito fica parecendo que sou contra a liberdade de expressão e talvez me imprima uma marca autoritária do outro lado, não é mesmo?

E no final das contas, serei eu o paranóico e por isso escrevi no plural imaginando um  grupo de pessoas que eu penso existir?

Acho que não estarei enganado que quando nas escola passarem filmes como "But I´m a Cheerleader", você dirá que se tornou real o seu temor (como você disse: "obrigarão nossas crianças a ler livros didáticos com meninas beijando meninas")

Pelo jeito você é muito hábil com as palavras para formar seus argumentos, mas eu também sei de alguns desses truques.

Célio Ishikawa

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resposta de Pondé 2
(escrito em 8/9/2009. Ele reclama das minhas cópias para vários destinatários)

(E reparem como ele deslocou a discussão para a liberdade de expressão, me colocando como se eu fosse contra a liberdade dele!) 

Caro Celio
Grande esta lista de emails que vc copia, não?
Enquanto eu ainda tiver a liberdade que vc nao quer que eu tenha, vou continuar a escrever o que vc nao quer que eu escreva, abraço
Luiz Felipe Pondé
Colunista Ilustrada Folha de S Paulo


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resposta de Célio 2
(escrito em 10/9/2009)

Caro Pondé

Acha que sou contra seu direito? Então parafraseando o que você escreveu sobre a "senhora cidadania":

Esse senhor horroroso chamado "direito de expressão" que tende ao desequilíbrio quando se faz cheio de vontades, nasceu sob o sangue da revolução francesa.


OBS: Não sei o que quis dizer com as minhas cópias, mas como vi que dessa vez você não mandou cópias para seus colegas da Folha, também não o farei, se isso estiver lhe causando algum problema. Mas do lado de cá, lhe garanto que eles não incomodarão. Mas se estiver se referindo à  percussão pública, não divulgarei suas respostas se assim o desejar. Quanto às minhas respostas, não há problema se quiser mostrá-las publicamente.

Célio Ishikawa

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resposta final de Pondé
(escrito em 19/9/2009. Ele não mais argumenta mas pelo menos mantém a educação)

Obrigado caro Celio, abraço, Pondé
Luiz Felipe Pondé
Colunista Ilustrada Folha de S Paulo

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Notícia de 15/12/2010 http://www1.folha.uol.com.br/mercado/845990-cidades-dos-eua-proibem-venda-de-mc-lanche-feliz.shtml

Cidades dos EUA proíbem venda de "MC Lanche Feliz"
por Folha Online

(15/12/2010 10:54)


Mario Anzuoni/Reuters


Lanches do McDonald's com personagens do filme "Shrek"
Nada de brinquedo depois da comida. Esse é o recado que algumas prefeituras norte-americanas começam a mandar e que tem como destino preferencial o McDonald's e seu McLanche Feliz.

A cidade de San Francisco, na Califórnia, é o caso mais conhecido. No mês passado, os vereadores locais aprovaram lei que impede a venda de alimentos associada a brinquedos em casos em que a refeição não atenda certos parâmetros nutritivos. Ou seja, se um alimento supera os limites estabelecidos de gordura, açúcar e calorias, não pode vender junto um brinquedo. Em abril, a também californiana Santa Clara tomou decisão semelhante, e outras devem seguir o caminho, com o avanço da obesidade nos EUA.

O presidente-executivo do McDonald's, Jim Skinner, atacou, em entrevista ao "Financial Times", a decisão de San Francisco, que só vai entrar em vigor no final de 2011.

Para o dirigente, a nova regra "retira a decisão pessoal de famílias que são mais do que capazes de tomar suas próprias decisões".

No Brasil, a Justiça Federal negou em julho do ano passado liminar do Ministério Público Federal que queria proibir promoções do Bob's, do McDonald's e do Burger King, que dão brinquedos a quem compra lanche.

Para Marcio Schusterschitz, autor da ação, a decisão americana não deve influenciar o processo no Brasil -havia outro processo tramitando na Justiça do Estado de São Paulo, mas o STJ decidiu recentemente que o caso é de competência federal.

precisamos de ong para (nós) estudarmos e trabalharmos?

Comentando ironicamente a nota do BlueBus: "E o Huffington Post criou um
fundo para jornalismo investigativo" (notícia colada lá embaixo)

Certa vez a Puc-sp promoveu um tema "da moda": ongs e terceiro setor.
Muito otimismo e tal, mas ironizei que se precisávamos de ongs para
fazermos coisas decentes, daqui a pouco íamos precisar de ongs para
estudar e trabalhar.

"olá, poderia estar trabalhando desonestamente, mas estou aqui pedindo
ajuda para nossa ong"

"olá, vocês podem ajudar um mendigo, mas então ajudem também um
universitário a estudar"

Era uma ironia, mas quem diria, já surgiram alguns sinais: Acabaram de
criar uma ong para jornalistas investigativos trabalharem. Antigamente
eles trabalhavam nas empresas e pronto, agora pedem ajuda para sustentar o
ofício.

Se é assim, sugiro o próximo passo: criar uma ong para universitários
estudarem.

Jornalistas, universitários... de ajudar a sociedade passou-se para o lado
que pede ajuda.

Dizem que capitalismo se sustenta a si próprio (supondo para
sustentabilidade, estudantes e jornalistas decentes), outros propõe o
modelo keynesiano onde universitários decentes saem de universidades
públicas. Como os dois modelos estão recebendo críticas, talvez a saída
seja capitalismo cheio de ongs para isso e aquilo.

Para dar um passo além: dizem que a classe média em si está diminuindo.
Proponho então a nossa preservação assim como preservam o costume de
algumas tribos e comunidades, ou seja, declarando essa cultura um bem,
patrimônio da humanidade.

Já pensou que legal? A comunidade da classe média passa a ser um
patrimônio a ser preservado. Seus membros estudavam na USP ou Puc?
Subsidia-se para que esse costume seja preservado. Ao se formarem
conseguiam ser jornalistas investigativos? Dá-se um jeito para que esse
costume não desapareça.
http://www.bluebus.com.br/show/2/92314/e_o_huffington_post_criou_um_fundo_para_jornalismo_investigativo

Noticia do Blue Bus - 04/09/09

E o Huffington Post criou um fundo para jornalismo investigativo

12:00 O Huffington Post criou um fundo para produzir jornalismo investigativo. Com sede em Washington, reune reporteres e colaboradores com o objetivo de "unir a funçao de vigilância da imprensa com as melhores ferramentas das novas mídias". Declara que o fundo é uma iniciativa independente, nao partidária e financiada por filantropia. Todo o conteudo que for produzido pela redaçao estará disponível para ser republicado por qualquer um. Segundo os editores executivos Nick Penniman e Lawrence Roberts, as pressoes financeiras acabaram com o jornalismo investigativo nos jornais, revistas e TV - e a intençao é construir novas estruturas e maneiras de fazer este tipo de trabalho. Siga o twitter do Julio. 04/09 Julio Hungria

Discordando do Chico de Oliveira: neoliberalismo está morrendo

Este não é um texto sobre mídia, mas lá vai:

Assistir a Mezaros e outros intelectuais na Puc-sp ontem (24/8/9) me motivou a escrever um texto, coisa que há tempos não fazia.


Discordando do Chico de Oliveira: neoliberalismo está morrendo

Cada um tem seu jeito de analisar, e no meu caso, costumo exagerar o prognóstico de tendências que vejo (o que tem relação com quadrinhos onde há caricaturizaçã o e convivência com Ficção Científica).

E com meu método, não apenas lanço dúvidas sobre o neoliberalismo como também dou uma pincelada de dúvida até no capitalismo. Para essa análise me baseei nas "Formações Econômicas Pré-Capitalistas" , de Karl Marx.

Poi bem: tal como disse Chico de Oliveira, neoliberalismo é uma variação do liberalismo, que por sua vez é uma das doutrinas do capitalismo. Há diferença de graus, mas elas diziam que Estado na Economia atrapalha e que o capitalismo é baseado na livre iniciativa e suor dos empreendedores objetivando a produção de riquezas.

Mas com essa crise, foram os Estados que taparam com trilhões o buraco da economia, fez-se de tudo para preservar os privilégios dos maiores magnatas, a "livre iniciativa" perdeu bastante do seu sentido original de tanto que a economia é planejada para subsidiá-la (são tratadas praticamente como se fossem empresas estatais que garantem a infraestrutura das nações, como se fossem geradoras de energia tais como as hidrelétricas ou termoelétricas) e a produção de riquezas (ou sua própria existência, em forma de especulação) está sendo questionada.

Bem, estou certo que esses e outros pontos já foram levantados em outros textos, alguns dos quais indagando se haveria a volta do keynesianismo.

Chico de Oliveira leu esses textos e atesta - corretamente- que o keynesianismo não voltará. Já quanto ao neoliberalismo, a intepretação dele parece ser de que o neolberalismo não está morrendo pois quando estiver morrendo é porque estará nascendo uma alternativa socialista.

Acontece que nesse ponto eu discordo. Concordo que sob certos raciocínios filosóficos o única superação possível para o capitalismo neoliberal é uma saída libertária (não rotularei de "socialismo" em oposição ao "anarquismo" pois o livro de Mezaros sugere várias saídas de caráter descentralizador compatíveis com idéias anarquistas, e acho que essa observação deveria ser mais bem analisada por outros).

Porém, quando não é possível avançar, os poderosos simplesmente preferem dar um passo para trás. E com o passo para trás, não me refiro ao keynesianismo, é uma passada para trás maior ainda...

Aliás, muitos, incluindo Oliveira, disseram que só haveria 2 saídas, o socialismo ou barbárie. Mas eu não chamo o keynesianismo ou o neoliberalismo de barbárie, pois apesar de tudo, eles são muito bem articulados e coerentes com o que defendem (livre iniciativa, papel do Estado na economia, etc). A barbárie, excluindo o neoliberalismo, seria uma barbárie muito maior, incoerente, de valores bagunçados, a não ser um: "os fortes vencem os fracos."

Em uma palavra: vou apelidá-lo de neo-feudalismo!

E digo que esse retrocesso é possível. Marx disse em "Formações Econômicas Pré-Capitalistas" que à certa altura o sistema greco-romano começou a retroceder para o sistema de produção asiático.

Aqui uma aulinha: lembremos que do sistema greco-romano nasceram os filófosos, a república (com senadores), alguns ramos da ciência, etc. Já o sistema asiático era carregado de misticismo, como culto ao imperador-deus. Lembremos que até o final da 2° Guerra Japão ainda declarava oficialmente que seu imperador um deus.

Acontece que à certa altura Roma voltou a ter imperadores que eram deuses, mesmo com reviravoltas no campo religioso (de perseguição à adoção do cristianismo) . A tomada de decisões e cobrança de tributos passou a ser justificada como necessidade de agradar o imperador-deus, ainda que nunca fosse ser como igualzinho ao sistema asiático.

Dessa forma, retrocessos históricos existem. Um passo para trás, para ter os poderes dominantes à frente.

Sei que parece exagerado falar em volta ao feudalismo, mas vejamos bem:

No feudalismo existiam castelos e nobres, tais como em McBeth, de Skakespeare. Agora temos McDonald´s.

McBeth e McDonald´s, nada a ver? Vejamos:

- McBeth era um nobre, sua riqueza vinha simplesmente pelo título de nobreza.

- McDonald´s, na atual conjuntura, receberá ajuda se precisar simplesmente por ser McDonald´s, com seus títulos na bolsa de valores.

- Os títulos de nobreza eram concedidos num ritual meio religioso (resquícios dela ainda existem quando concedem títulos de Sir na Inglaterra), por que ajudar os nobres? Porque era uma questão de fé. Derrubaram a nobreza pois os capitalistas achavam essa justificativa irracional e defenderam um sistema menos religioso e baseado na ciência.

- Na crise atual, ajudam os magnatas e justificam apenas que é porque é necessário, porque eles são parte de um negócio muito maior que deve ser cultuado, o deus-mercado. Antes davam ao trabalho explicar a defesa dos valores da livre iniciativa, etc. Hoje dizem apenas que é necessário assim como se devia obedecer aos nobres pois a concessão de seus títulos teria tido a bênção divina. Não explicam mais os princípios do pensamento capitalista pois perdeu-se o sentido, virou a defesa de uma fé no capitalismo.

- A meu ver, isso soa tão paradoxal quanto os feudais que cometiam atrocidades nas masmorras em defesa da fé em Cristo. Ora, era obvio que torturar e matar iam contra os 10 mandamentos, mas à certa altura a defesa da fé afastou-se dos mandamentos, tal como agora a defesa do sistema afastou-se dos mandamentos do nascimentos do capitalismo.

- Quem nascia nobre era nobre até morrer. Atualmente, dizer que todos nascem iguais é um disparate até mesmo se contarmos apenas os que nascem como capitalistas (já que recebem ajuda os magnatas das Bolsas de Valores), sendo assim, o cúmulo do desrespeito à igualdade. Se amanhã acharem trabalhoso cruzar os dados de patrimômio para identificar os grandes magnatas e resolverem dar títulos de nobreza para facilitar o estabelecimento de privilégios, não fará muita diferença.

- Antes, diziam que o que os cientistas diziam não era possível pois ia contra a fé (tal como as idéias de Galilei), atualmente há os que dizem que o aquecimento global não existe por ir contra a economia! Não é misticismo?

Conclusão: A maioria dos que dizem "socialismo ou barbárie" (relembrando que é necessário prestar atenção no "socialismo" de Mezaros que propõe) se referem ao neoliberalismo como barbárie. Contudo os contornos que a crise vem tomando parecem indicar que não teremos nem a defesa dos princípios neoliberais nem a volta ao keynesianismo, e exagerando, nem a defesa dos valores sequer capitalistas. Parece ser uma barbárie inonimável, onde prevalecerá a lei do mais forte. Há um certo misticismo que não chega a ser como o sistema asiático, e difere do feudalismo pois não é concedido a indivíduos e sim a multinacionais. Apelido isso de neo-feudalismo.

sábado, 16 de maio de 2009

óculos do ex-vice dos EUA (Cheney & mulher pelada?)



A combinação poder & mídia está sempre à procura de escândalos, e Cheney (ex-vice-presidente dos EUA gestão Bush) quase apareceu como novo caso tipo Bill Clinton & Monica Lewinski ou Itamar Franco & Lilian Ramos.

Pois vejam os óculos escuros dele: não parece haver uma mulher pelada ao lado de uma cama com lençóis brancos?

Pimba, a coisa se espalhou pela internet: onde o vice tava? O vice jurou que não tava sabendo que papo era aquele, e que ele só saiu para pescar. 
Mas as pessoas ficaram imaginando algo assim:

Porém, o vice mostrou as fotos e o caso se resolveu. 
Vendo a mesma foto em alta resolução fez toda a diferença. Na foto que Cheney mostrou, tava lá a prova de que ele tava com uma vara de pescar na mão, e não com uma mulher pelada!


(um dos exemplos de quando a notícia se espalhou: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/foto-de-dick-cheney-pescando-causa-polemica-nos-estados-unidos/n1237683309308.html)
(deu um pouco de trabalho achar a foto em que finalmente a mão parece mão mesmo. consegui de http://www.shessoflyoutdoornews.com/2009/10/presidents-ex-presidents-vice.html

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Folha colocando palavras (sexo e drogas) na boca das pessoas


Abro o jornal de domingo (12/4/9) para checar a coluna do Ombudsman. Vamos ver... não, não falaram do caso da Marina Previato (SPORTV), estão falando da Dilma Roussef (PT), mas o problema é o mesmo: colocação indevida de palavras na boca das pessoas.
Vou explicar: na verdade essa é a 2° chance que dei para Folha, pois o Ombudsman devia ter falado da Marina no domingo passado (5/4/9). Não falou até agora, não vai falar mais. Então falo eu. Fui até besta de esperar que falassem nesse domingo do caso que ocorreu 12 dias atrás, mas foi bom pois o Ombudman falou que no caso da Dilma houve problema similar de apuração. (o link da Folha é restrito aos assinantes da UOL, então leiam este do vermelho.org)
Sexo, Drogas &; Marina: o problema é muito simples de entender. Mas como diria minha mãe, deve-se tomar cuidado com erros de casos pequenos pois pode-se cometê-los em casos grandes (o da Dilma envolve eleições de 2010).
No dia 30/3/9, Marina Previato ocupou mais de 1/4 da pág E2 (coluna da Monica Bergamo), com o título "Garota realidade" e tava lá: "Os atores ficarao confinados em uma casa, como se estivessem num reality show. Marina diz que usou drogas e fez sexo de verdade durante as filmagens". (O BlueBus copiou a notícia, e a verdade é que sites de conteúdos variados também espalharam dizendo "nossa, ela fez sexo diante das câmeras!")
Mas no dia seguinte, 31, com o título "Erro nosso", a mesma coluna escreve que Previato "nao usou drogas nem fez sexo diante das câmeras - como afirmou a coluna. Ela também não deu declaraçao alguma nesse sentido".
Confesso que li isso primeiro no BlueBus, pois na página do jornal tava num cantinho que eu teria passado batido. Confiram na imagem (marcado com retângulo vermelho): a correção de erro tem espaço ínfimo perto da notícia do dia anterior, em outras palavras, para os distraídos prevalesce a notícia anterior.
Pensei comigo: "Como assim? a notícia dá meia volta de 180° de repente?". No fim daquele dia mandei um e-mail para o Ombudsman:
"Gostaria de saber como de um dia para outro (do dia 30 para 31/3/9) as informações puderam ser totalmente desmentidas. Está explícito no texto do dia 30: 'Marina diz...' e no dia seguinte se desmente que ela tenha feito sexo e usado drogas. O episódio é tão estranho que não ficamos com a menor idéia de como as informações foram obtidas: afinal onde entraram o sexo e as drogas? A coluna ouviu a Marina ou outra pessoa? entre outras perguntas que acabam abalando a credibilidade do jornalismo.
No dia seguinte (1/4/9) já chegou parte da resposta:
"Obrigado pelas suas observações, que estou encaminhando aos jornalistas responsáveis pela seção para que lhe respondam diretamente. Este é um caso péssimo para o jornal, sem dúvida."
No dia 3/4/9 o Ombudsman me repassa o que a colunista respondeu:
"O leitor tem razão, é um erro tão grave que pode afetar a credibilidade de uma publicação. Por isso foi prontamente corrigido, de forma bastante clara, tanto na coluna quanto na seção 'Erramos' do jornal. A repórter conversou com a Marina Previato. Mas não sobre esse assunto, que ouviu depois de outras fontes que não tinham credibilidade suficiente para que a informação fosse publicada sem nova checagem com a Marina. E errou uma segunda vez ao creditar a declaração a ela. Agradeço a atenção."
Só então fui ver a tal seção de "Erramos" (pág A3, 31/3/9), que também passa batido para muitos. Não vou reclamar apenas do espaço pequeno (novamente marcado em retângulo vermelho), mas também do conteúdo que achei ridídulo ao não esclarecer como uma investigação jornalística dá 180° de guinada:
"As informações publicadas na nota 'Garota realidade' estavam erradas. Leia mais na coluna de Mônica Bergamo"
Aí esperei que naquele domingo (5/4/9) o caso constasse na Coluna do Ombudsman, mas não tava lá, nem na lista de tópicos onde o jornal foi mal. Assim, você que está lendo isso agora é quem está sabendo em primeira mão que a Folha pode cometer o erro de ouvir fontes não-confiáveis (e invejosas) que degrinem a imagem da pessoa e ainda por cima colocarem como se a própria pessoa tivesse dito aquilo!
Não é brincadeira não! Para o blog do João Villaverde o caso é vencedor do prêmio "Barrigada Jornalística". E olhem um dos comentários de lá:
"NUNCA O PEDIDO DE DESCULPAS É DO TAMANHO DA OFENSA. ONTEM VC TRATOU DO DIPLOMA DE JORNALISTA. O QUE SE FAZ COM UMA PESSOA QUE ESCREVEU TUDO QUE ELA ESCREVEU? QUEM SABE O TAMANHO DA OFENSA, É OFENDIDO. AO LER NA FOLHA TIVE A CERTEZA QUE A MARINA ERA UMA DESTAS MOÇAS QUE USAM SEXO PARA VENCER NA VIDA E PIOR DROGADA. NÃO VI A ERRATA. SE NÃO FOSSE PELO SEU BLOG CONTINUARIA ACHANDO QUE A ATRIZ NÃO ERA UMA ATRIZ, ERA UMA DROGADA QUALQUER."
Agora considerem o que isso causa na política e você tem o caso da Dilma, que foi o seguinte: Saiu na capa (com grande destaque) do dia 5/4/9 e a matéria ocupou as páginas A8 e A10. Antonio Roberto Espinosa - a fonte ouvida - se indignou com a manipulação das informações que ele deu, que tendiam a prejudicar a imagem de Dilma. Então escreveu uma carta, que pode ser conferida em diversos sites, como o do Nassif, da Revista Fórum, do Sindicato dos Jornalistas, etc.
Ele queria que a carta já saísse na edição seguinte (de 2°feira) e com chama da na capa, mas o jornal argumentou que a carta chegou às 21:58 e que a seção de cartas fecha às 20h. E pelo jeito pediram para resumir, de forma que saiu uma coisa menor na seção de cartas do dia 8 (4°feira) - O Ombudsman ponderou que com flexibilidade daria para ser mais rápido- e sem chamada de capa, como Espinosa queria.
Junto com a carta (na versão diminuída), foi publicada a resposta do jornal. Resumidamente: Espinosa salienta que Dilma não estava sabendo do plano de sequestrar Delfim Netto e que portanto colocar Dilma no meio era fazer uma anticampanha para prejudicá-la nas eleições de 2010. O Ombudsman reconhece que naquela capa, ao invés da foto da ficha criminal de Dilma, faria mais sentido a foto do Espinosa. A resposta do jornal: não foi afirmado que Dilma planejou o sequestro (é sutileza ou esperteza do jornalismo: tá escrito "Dilma" em letras grandes, mas tá "Grupo de Dilma" e não "Dilma")
Na carta (integral) de Espinosa, ele comenta que é normal os integrantes do grupo não saberem de todos os planos e cita que Carlos Marighela, comandante nacional da ALN, não ficou sabendo do seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick. Na resposta da Folha, entra o X da questão: segundo a repórter Fernanda Odilla, durante a entrevista por telefone o Espinosa teria dito que Dilma era um dos cinco de um colegiado e num momento disse que "os cinco sabiam" do sequestro. Espinosa desafia a Folha a divulgar a entrevista. No jornal, internamente o Ombudsman também recomenda a divulgação. Mas a Folha responde ao Ombudsman que "Não faz sentido reproduzir novamente as declarações de Espinosa (...) Consideramos suficiente a publicação da carta do entrevistado e a nota da Redação". 
Então em algum momento das 3 horas de conversa por telefone teria sido confirmado que Dilma sabia. Espinosa nega. E não poderemos confirmar. Espinosa chama de "lamentável e preguiçoso vício da investigação" apurar coisas por telefone. O Ombudsman concorda que devido à importância, a entrevista deveria ter sido feita cara-a-cara.
Conclusão: Disseram que Marina da SPORTV fez isso e aquilo e depois "corrigiram", no caso de Espinosa também teriam colocado palavras na boca dele quanto à participação de Dilma no sequestro, porém dessa vez a Folha nega dizendo que existe esse trecho não-confirmável de "Dilma sabia". Mesmo que esse trecho da gravação exista, é melhor a Folha tomar mais cuidado no modo como ela investiga. 
Até agora tava intrigado porque um erro grande como o que fizeram com Marina não apareceu no Ombudsman, mas pensando bem, talvez a Folha esteja cometendo tantos erros de maior repercussão política que simplesmente o caso da Marina seja menor e tenha sido esquecido de colocar na lista de "onde foi mal" da semana.