obs:

O título desse blog é infeliz, mas só reparei depois. "Anti-país dos petralhas" dá impressão que sou contra os "petralhas" (como Reinaldo Azevedo se refere ao PT). Não, eu quis dizer que sou contra o Reinaldo e seu livro "O país dos petralhas".
É tão infeliz quanto uma pessoa de direita ser contra Marx e botar "Anti-O capital" e as pessoas acharem que a pessoa é anti-capitalista...
Bem, temos de conviver com os nossos erros né?

terça-feira, 24 de março de 2015

Minha contribuição ao debate (re: Cosntruir um bate-papo sobre a situação política)

Minha contribuição ao debate (re: Cosntruir um bate-papo sobre a situação política)

Escrevo de Chapecó-SC,  interior do país. Recentemente, para meu desgosto,  Chapecó ficou um pouco famosa pelas cenas de uma manifestação de direita invadir e arrancar a bandeiras vermelhas (do MST e PCdoB) de um apartamento de 2 meninas, e por causa de uma manifestação pró-intervençao militar (onde aparece um cara que pintou sua careca de verde e amarelo), ainda que muita gente não associe essas imagens à cidade, só lembram que aconteceu em algum lugar.

De qualquer forma, os informes é que aqui teve marcha do 15 de março, que deve ter tido apoio entre outros, dos jornais como Voz do Oeste, e por outro lado, não teve uma marcha de 13 de março, pois os membros do sindicato dos servidores daqui iam no dia para a capital Florianópolis, para somar força de vários sindicatos cutistas do estado inteiro. Aliás, sobre essa história de que foram vistas cenas de pessoas ganhando pão com mortadela e 35 reais, acho que tem de ser investigado se não era para as pessoas que vieram de outras cidades, pois se pessoas se deslocam de outros municípios para participar, 35 reais é algo simbólico, que não cobre as despesas, não é uma coisa de chamar qualquer um por aí para participar do protesto.

Aqui, como em muitas localidades que não são metrópoles, se ouve falar pouco em PSTU, PSOL, PCO, etc. De forma que PT/CUT é considerado de esquerda, sendo que aqui em Chapecó foi assassinado o vereador Marcelino Chiarelli (PT), mas que ficou como caso de suicídio, e infelizmente continua oficialmente como caso de suicídio. Depois teve um cara do PCdoB que teve todos os dedos cortados, parece que ele tava envolvido com sindicato de carnes,  embora felizmente parece que este se recuperou, inclusive recuperando os dedos.

Em locais mais interior ainda, não só as opções partidárias são ainda menores, como parece que tem o risco deles se fundirem: em cidades daquelas bem pequenas, falta candidato a vereador, prefeito, etc e parece que acabam fazendo uma conversa amigável entre os partidários para que pelo menos haja candidatos suficientes para preencher esses cargos políticos.

Olha, confesso que meu olhar para algumas questões mudou pelo fato de ter me mudado para o interior, em termos políticos, reparei como o PT apesar de tudo, tem o mérito de penetrar território brasileiro adentro, em sindicatos, cooperativas, igrejas (PJ -Pastoral da Juventude tem bandeira vermelha e vi fazendo marcha com bandeiras do MST e PT. Aliás achei meio engraçado que às vezes aparece bandeira do PCdoB, mas quando aparecem, elas estão novinhas, pouco gastas, como se tivessem sido pouco usados).

Por outro lado, não entendo como o PSD (partido do Kassab) consegue tanta penetração no interior, um partido novo, que como comentei anos atrás, foi oficializado por ter conseguido o número mínimo de assinaturas, embora nunca tenha visto barraquinhas pedindo assinaturas, como eu vi quando o PSOL tava nascendo. Naquela época ficava pensando se PSD colheu assinaturas de locais como associação de empresários ou de ruralistas, e pelo tanto de PSD que tem aqui e redondezas, fico pensando que há articulações que fogem à minha compreensão. PSD aqui é mais forte que PSDB.

PT x PSD: a polarização é forte, tão forte que como disse, houve assassinato e atentado (e, ora, todo mundo daqui sabe que quem mandou matar foi gente anti-petista, ou seja, o PSD). Bem, aliás, outra coisa elogiável no PT (pelo menos visto daqui) é que é PT luta com eles, e PCdoB, enquanto que PSD faz umas coligações gigantescas anti-vermelho que quando ganham é ruim, pois têm de distribuir cargos entre muitos partidos dentro do governo. Se não me engano, aqui na região, PMDB ficou com PSD/PSDB, ou seja, esses em-cima-do-muro do PMDB, embora nacionalmente fiquem com PT, regionalmente ficam com os coronéis.

Daí que há paradoxo quando se compara com o cenário nacional. Tanto na prefeitura daqui quanto no Estado, a briga eleitoral foi PT x PSD, em que PT perde, e logo após o PT perder, o vencedor do PSD (Raimundo Colombo) chama votos na Dilma. PElo clima anti-PT divido que alguém do PSD votou na Dilma.

Realidade do interior é distorcida?
Sabe, ao ver esse cenário, sendo eu vindo de São Paulo, no começo tinha a impressão de que aqui é um simulacro, e que as verdadeiras lutas estavam nas metrópoles, com PSTU, PSOL, etc. Mas agora eu pondero que não é bem isso, ambos os cenários são verdadeiros, se não vi ninguém do PSOL aqui,  é porque PSOL arrecadou abaixo-assinado de forma diferente do PSD. Fico me lembrando que uma vez a gente tava no CACS da Puc-sp e um cara próximo da LER-QI dizia todo orgulhoso que LER-QI tava no sindicato da USP, quando  comentamos de uma forte mobilização de uma universidade, acho que de Roraima, ele disse: "Roraima? lá nem tem gente, o importante é a USP", é claro que achamos criticamos muito aquela fala, e por vezes fico pensando que estou num daqueles locais, que ele diria "não tem gente". LER-QI dizia que quando chegasse a revolução, eles estariam numa fábrica matriz ocupada e eles ligariam para as filiais dizendo "Somos da Matriz, chamem um operário", e  quando o operário atendesse diriam "Pode ocupar a fábrica aí!".

Atualmente acho que isso não só uma coisa de cima para baixo, como também fico imaginando a resposta do operário, "como, quem é você?", "eu sou da LER-QI, eu sou da classe operária, como você...", "LER-QI, o que é isso?"

Considerações sobre as marchas de março (adorei essa expressão do Hugo!)
Fiquei refletindo sobre isso de que PSOL se posicionou nem a uma marcha nem a outra. Fiquei surpreso com o PCO se posicionando em defesa da marcha do dia 13. Embora, o que mais me chamou a atenção foi o MNN (Movimento Negação da Negação) ter ficado do lado da marcha do dia 15, dizendo que é necessário ousar, e que caindo a Dilma se cria um ambiente em que trabalhadores não serão mais enganados e irão para a esquerda.

Quanto à isso  fico pensando (satiricamente) "ah, claro, caindo a Dilma o povo vai perceber que até agora estavam enganados, e vão também deixar de comer carne, de andar de carro, viraremos uma nação de vegetarianos permacultores, afinal não vai ter nada enganando os trabalhadores "

Também fico me lembrando do Plano da LER-QI de comandar da matriz as ocupações de trabalhadores... Enfim, acho que nas metrópoles, a esquerda já formou uma cultura, e dessa cultura emergem umas ideias (como da LER-QI e do MNN) que fazem todo o sentido dentro daquele caldo cultural, mas não fazem nenhum sentido levando em conta o país como um todo (lembrando que no interior nem sabem da existência deles).

Esses anos longe do lar (chamo de lar, a cultura de esquerda da metrópole São Paulo, da onde me afastei e é como se aqui tivesse encontrado só casa e não lar), me faz reparar que aqui em Chapecó estamos mal: teve marcha do dia 15, teve marcha militarista no dia 26/2 (os espertinhos fizeram no mesmo dia/horário da marcha pela água contra Alckmin em SP), mas não houve marcha do  dia 13, e muito menos teve algo mais de esquerda fora  do dia 13, de modo que contabilizo 2 x 0 para direita.

2 x 0 para direita, pois o PT/CUT direcionou suas forças para ter peso nas capitais... Tava pensando, será que a alternativa seria mobilizações de esquerda serem supra-partidárias, de nas metrópoles o PSOL/PSTU chamarem e os sindicatos de diversos locais do país atenderem ao chamado, como se estivessem sendo chamadas pela CUT? Não me parece mal, já que a polarização CUT x Conlutas é algo que faz sentido só nas metrópoles. Aliás, como várias outras discussões, eu considero que só fazem sentido dentro do caldo cultura de esquerda das metrópoles, em que propostas irreais têm força no grito, dizendo que começam pequenos, mas conquistasm todo o país e tal... 

Enfim, o que deixo como sugestão é isso: a de haver algum tipo de conversa nas metrópoles, de forma que pelo bem dos movimentos de esquerda, haja formas, acordos, que permitam por exemplo o PSOL/PSTU chamar sindicatos do interior, como se fosse um chamado da CUT. (não tô querendo excluir a LER-QI, MNN, mas como é que estes vão chamar se no interior nem se sabe da existência deles? Como é que a chamada deles vai funcionar se quando os sindicatos do interior chegarem, o papo vai ser de destruir a CUT?)

Bem, e se acharem que é só delírio meu, que estou com uma visão da realidade distorcida por estar afastado do centros de discussão (as metrópolis), que o sinal da minha decadência é o fato de que se tivesse marcha dia 13 aqui iria sem hesitar (para ficar 2x1), ao invés de me encucar sobre o significado de participar do dia 13 (ou do dia 15, como fez MNN), que estou na moleza de escolhas muito fáceis, não tem problema, venham para o interior! Acho que aqui tá precisando mesmo!

OBS1: por aqui o pessoal ficou sabendo que em São Paulo, no dia 15, prenderam umas pessoas que queriam causar violência. Só que aqui o pessoal não sabe que nas metrópoles existe o extremismo de direita, como os Carecas do Subúrbio (da mesma forma que nem sabem que existe o extrmismo de esquerda), temo que aqui alguns estejam confundindo achando que os que foram presos eram petistas querendo atrapalhar a marcha.

OBS2: entre as confusões que acontecem aqui, quando teve a versão regional da Marcha dos Médicos, por aqui fizeram um chamado light e generalista por melhorias gerais da saúde, e por isso até uma médica cubana (!!) acabou participando, embora não do Mais Médicos. Talvez ela depois tenha se arrependido ao constatar que as diversas associações médicas juntaram fotos das marchas de várias cidades e colocaram como uma marcha contra a Dilma e o programa Mais Médicos, com enfoque no ataque aos médicos de Cuba.

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